Confira neste post um relato sobre a cerimônia de cremação em Kathmandu no Nepal e se inspire a viver esta experiência única.
Uma das experiências mais incríveis que tive no Nepal, e por que não dizer no mundo todo, foi assistir uma cerimônia de cremação no Templo Pashupatinath em Kathmandu.
Havia lido alguns relatos sobre a cerimônia e tinha uma curiosidade imensa de vivenciar de perto uma cremação hinduista. Mas, nem nas minhas expectativas mais lúdicas, imaginei ter uma experiência tão reflexiva e transformadora quanto a que tive!
É algo que indico a todos que planejam visitar o Nepal e a seguir, você vai encontrar o meu relato sincero sobre a experiência, combinado com dicas práticas para que você também possa vivenciar este momento único.
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TEMPLO PASHPATINAH EM KATHMANDU
DICAS PRÁTICAS E HISTÓRIA
Chegamos no Templo Pashupatinath em Kathmandu depois de uma curta caminhada desde o nosso hotel Dwarika e de início passeamos pelos pátios principais do complexo.
Ficamos decepcionados com a ausência de informações disponíveis aos visitantes e impressionados com a quantidade de abordagens de guias oferecendo uma visita guiada ao complexo.
Declinamos as abordagens educadamente, mas acredito, sinceramente, que ter tido a companhia de uma guia em nossa visita teria enriquecido a nossa visita no ponto de vista cultural e religioso. E se me lembro bem, o serviço do guia personalizado custa 15 dólares por casal, mas pode ser negociado.
Por outro lado, fico feliz que tivemos a oportunidade de caminhar por conta própria e absorver as impressões e diferenças com calma e curiosidade.
A escolha entre contratar ou não um guia para a sua visita é bem pessoal e deve ser determinada de acordo com disponibilidade financeira e interesse em história e cultura local.
De qualquer forma, preparamos um resumo das informações mais importantes para que você possa se preparar e visitar o complexo por conta própria, caso não tenha interesse em contratar um guia. Vamos lá?
O completo Pashupatinath foi classificado como Patrimônio Mundial da UNESCO em 1979 e está situado às margens do rio Bagmati, o qual tem caráter sagrado para os hindus e por isso abriga cerimônias de cremações em suas redondezas.
O Templo de Pashupatinath é o templo hindu mais antigo de Kathmandu e não se sabe ao certo quando foi construído, já que há tradições que remontam ao século III a.C. e outra que falem sobre o início do século V d.C.
De qualquer forma, sabe-se com certeza que o complexo foi construído antes do advento do cristianismo e que representa um dos locais religiosos mais importantes para o povo nepalês.
No complexo, há pagodas menores decoradas com o lingam, o símbolo fálico da divindade Xiva, o deus responsável pela destruição para dar início ao novo. E nesses templos, e possível visitar o interior.
Em outros o acesso é limitado à hinduistas – inclusive o templo principal do complexo, o Pashupatinath propriamente dito.
Este templo ergue-se no meio de um pátio aberto e tem forma quadrada. Há esculturas de diversas divindades hinduistas espalhadas pelo pátio e os tetos dos edifícios são coberto a ouro!
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Se tiver curiosidade, saiba que é possível caminhar nas escadarias situadas na parte de trás do templo e observar a parte externa dos templo e a rotina dos seus visitantes. Fica a dica!
A restrição da visita não se aplica ao local onde as cremações são realizadas, portanto, visitantes de todo o mundo podem participar e observar de perto todas as fases da cremação às margens do rio. E sobre ela falaremos a seguir.
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CERIMÔNIA DE CREMAÇÃO EM KATHMANDU
UMA TOCANTE EXPERIÊNCIA
No Nepal, mais especificamente no Templo Pashupatinath em Kathmandu, tive a oportunidade de vivenciar uma cerimônia de cremação hunduista às margens do rio Bagmati.
Sem sombra de dúvidas, posso afirmar que esta experiência foi uma das mais transformadoras e únicas que já tive a oportunidade de vivenciar em todas as minhas andanças pelo mundo.
Não há como negar que é impactante ver de perto corpos sendo queimados e entendo perfeitamente que esta não é uma experiência para todos e que muita gente se sentirá extremamente desconfortável.
Porém, em minha perspectiva, a beleza do ritual, suas cores, cânticos e acima de tudo a participação dos familiares no processo de cremação foi algo tocante e lindo de se ver.
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Para mim, assistir à cremação foi uma oportunidade de expandir a consciência e o respeito acerca da diversidade do mundo e de deixar para trás pré conceitos firmados durante a vida. Foi um momento de relembrar o motivo pelo qual viajo e de me tornar ainda mais curiosa pelo diferente e pelo que ainda não sei!
O ritual em si é acompanhado com muita tristeza pelos que se vão, porém, a crença na reencarnação e na continuidade e evolução da vida faz com que a cerimônia seja celebrada com certo entusiasmo, já que este é um rito de passagem muito importante para a religião.
Talvez seja importante esclarecer neste momento que a religião hindu tem a reencarnação como um de seus mais importantes alicerces. Os adeptos do hinduísmo acreditam no processo evolutivo da alma e no renascimento em outros corpos. Sendo assim, a morte é etapa fundamental neste processo e parte da roda que possibilita à evolução espiritual que em seu grau máximo leva ao nirvana.
Os Hindus acreditam que o fogo funerário liberta e purifica a alma do corpo material e é um dos passos para a iluminação espiritual e por isso o ritual é celebrada com entusiasmo e muito respeito.
Porém, este processo não é para todos, e homens considerados santos, assim como crianças e mulheres grávidas devem ter o seus corpos atirados nos rios sagrados amarrados com pedras para afundar. E essa é uma prática muito comun no Rio Ganges na Índia.
O processo de cremação dura cerca de 4 horas e é liderado pelo filho mais velho. O primeiro passo é a preparação do corpo e neste momento mulheres são convidadas a lavar o corpo do morto nas escadarias nas margens do rio, depois envolver em óleos essenciais, ungir com perfumes e cobrir com guirlandas coloridas e pétalas de flores.
Esta parte é acompanhada de orações ao deus da morte, Yama, e depois o corpo é disposto no altar sobre piras crematórias com os pés apontando para o sul.
Os corpos devem ser desnudos e cobertos com lençóis brancos e laranjas e colocados sobre piras crematórias compostas de madeiras e palhas e madeiras especiais como o sândalo são também acrescentadas para disfarçar o cheiro de carne sendo queimada.
Na boca do morto, coloca-se um graveto de cânfora para purificar a passagem da alma e o filho mais velho acende as chamas da cremação dando três voltas ao redor do altar em sentido horário.
Demora um pouco para o fogo de instalar e o filho mais velho é o responsável por fazer com que a madeira queime adequadamente, assim como acender incensos purificadores.
Para a minha surpresa, não senti qualquer odor desconfortável durante a cremação e observei que é comum para locais irem para as margens do rio honrar a passagem de pessoas desconhecidas com orações.
É um convite à reflexão sobre a nossa mortalidade e no que sobrevive depois que nossos corpos deixam de existir – pelo menos no sentido funcional da anatomia.
Me fez pensar em como eu gostaria que meu ritual de despedida fosse eainda mais nas pessoas que gostaria que estivessem lá “acendendo a minha pira crematória” e honrando a minha memória quando o meu momento chegar.
Confesso que fiquei muito envolvida e emotiva. Refletir muito sobre a importância da família, nos valores e na forma que quero viver a minha vida para que possa ser honrada e lembrada pelos meus quando for a minha vez de despedir deste plano.
Sim, fiquei bastante filosófica e acredito ser impossível vivenciar este momento sem se deixar tocar pela força e intensidade da tradição hunduísta! Vale a pena experienciar e sentir na pele o que este momento vai trazer para a sua vida.
Ao final, quando o corpo se transforma completamente em cinzas, os restos são recolhidos pela família e lançado nas águas sagrados do rio Bagmati.
Neste momento, há um ritual religioso na outra margem do rio, cuja beleza impressiona e marca definitivamente a experiência de vida e morte no templo Pashupatinath.
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A cerimônia religiosa dura cerca de 45 minutos e tem um clima festivo, com danças, fogo e tambores para marcar a transição das almas. Assistir ao ritual foi a forma perfeita de finalizar a minha experiência, já que trouxe ao ambiente um clima mais festivo e belo, deixando claro que por trás do luto há a entusiasmo pelo processo das almas.
A tradição é que após a cremação do pai, o filho mais velho deve ficar recluso dentro do templo Pashupatinath por 13 dias e vestir-se de branco por um ano. Depois de um ano da cremação, é realizada outra cerimônia e a família então pode finalizar o processo de luto.
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DICAS PRÁTICAS
PARA ASSISTIR A CERIMÔNIA
A visita ao Templo Pashupatinath é imperdível e de preferência deve ser feita às 17:30 para ter tempo de explorar o complexo antes da cerimônia de cremação que ocorre Às 18:30 todos os dias.
Há uma tarifa de 1200 rúpias nepalesas para entrar no complexo e é aconselhável vestir-se de forma modesta, tendo em vista tratar-se de um local religioso.
Para saber mais como se vestir no Nepal, confira este post publicado sobre a Índia, cujas dicas podem ser aproveitadas para o Nepal.
Por fim, atente-se em relação à animais e vá com calçado fechado. Tivemos uma experiência no mínimo curiosa que começou quando percebemos que os locais estavam eufóricos com a nossa presença, apontando, comentando entre si e gritando coisas em nepalês em nossa direção.
Depois de alguns minutos sem entender o que estava acontecendo, finalmente realizamos que eles estavam tentando alertar que havia uma cobra bem próxima dos nossos pés, e pela reação preocupada deles era venenosa!!
Ainda bem que uma criancinha utilizou seus conhecimentos da língua inglesa e gritou “XXXXNAAAAKEEEE” em tempo oportuno para que nos conseguíssemos nos distanciar da cobra com segurança. Ufa!!
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